Níveis do PSA variam espontaneamente, podendo variar em média 15% por semana. Por isso que quando se faz dosagens próximas ou mesmo em laboratórios diferentes num curto espaço de tempo os resultados podem ser diferentes, sem que isto signifique algum erro. Uma alteração não muito grande de um ano para outro de 20 a 46% é mais comumente resultado de um HBP ou mesmo uma variação biológica do que resultado de um CaP. A flutuação nos níveis de PSA ocorre porque ela varia com a quantidade de fluido prostático. De qualquer forma, qualquer condição fisiológica ou patológica que altere a integridade da membrana basal entre o ácino prostático e os capilares que o circundam, podem alterar os níveis de PSA sérico.
Estudos sugerem que aproximadamente metade das biópsias prostáticas realizadas são desnecessárias se a indicação se basear numa única dosagem do PSA e se esta dosagem for o único parâmetro utilizado para sua indicação. Estima-se que 40 a 55 % dos homens com níveis do PSA elevado terão este mesmo nível retornado a níveis normais no intervalo de um ano ou menos, e em 65 a 83% destes homens que tinham o PSA alterado e retornaram aos níveis normais após um ano vão permanecer com níveis normais por muitos anos adiante.
Apesar de vários estudos médicos publicados com informações detalhadas sobre as variações naturais dos níveis do PSA, muitos médicos tratam homens que apresentam um aumento inicial do PSA com antibióticos e antiinflamatórios na presunção de que o aumento esteja sendo causado por uma infecção na próstata. Na realidade não se é contra a administração deste tratamento desde que seja indicado quando houver o diagnóstico de prostatite. O médico não deve indicar o tratamento de forma empírica.
Infecção e inflamação prostática têm sido associadas com elevação do PSA, mas antibióticos não têm efeito sobre uma prostatite não bacteriana uma vez que não há bactérias. Estudos demonstraram que o uso de antibióticos e/ou antiinflamatórios promove uma diminuição dos níveis do PSA em 80% dos casos e que em 1/3 a metade dos casos os níveis retornaram ao normal.
As perguntas que se deve realizar são:
– Estes homens tinham diagnóstico comprovado de prostatite? No caso de não terem o diagnóstico de prostatite.
– A medicação mostrou efeitos nos níveis de PSA destes homens? Neste caso a resposta é quase certa ser não.
Estudos comparativos demonstraram que as alterações do PSA após uso empírico de antibióticos foram similares as ocorridas em homens saudáveis. Comprovando assim, as variações naturais dos níveis do PSA sérico.
Os níveis do PSA flutuam mais em homens sem CaP do que naqueles com CaP. Nestes, na maioria das vezes, o crescimento é progressivo. Uma política de se esperar 6 semanas para se confirmar uma elevação do PSA repetindo-se a dosagem do PSA após este tempo com certeza irá diminuir o número de biópsia desnecessárias. O que mais influencia o médico a indicar o uso do antibiótico neste período de 6 semanas é a necessidade do paciente e do próprio médico de sentir e mostrar que alguma coisa está sendo feita.
Nestes tempos de medicina baseada em evidencias não devemos medicar um paciente com aumento do PSA com antibióticos, na ausência de uma evidencia clara de infecção prostática bacterianaA recomendação atual é que: Diante de um paciente com aumento do nível do PSA (menor que 10 ng/ml) em um homem assintomático com TRD normal deve se repetir a dosagem do PSA uma ou duas vezes com 4 e 8 semanas e se indicar a biópsia somente se o nível de PSA permanecer elevado.
(*) – Dr. A.Shabsigh e Dr. P.T. Scardino – AUA News October 2007
(**) – Tradução e adaptação – Dr. Evandro de Oliveira Cunha – Hospital Urológico de Brasília